segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O amor

O amor para mim não é conforto. O amor para mim não é segurança.
O amor para mim é loucura, é sofrimento, é instintivo, é repentino, é passageiro.
Nunca fiz planos com amores. Nunca fiz promessas. E no entanto vivi todos os ditos "momentos românticos".
É-me difícil expor a minha "versão" de amor.
Neste momento, por exemplo, tenho os dois amores da minha vida comigo. E não estou a exagerar. E amo-os, aos dois. Amo mesmo. E por os amar, não consigo optar. Ambos têm a noção disso. Que os amo e não consigo optar. Não se importam. Porque isso sim, é amor. É saber que não se é principal, que há uma segunda hipótese, um outro ser amado. E não ter ciumes. Importar-se apenas consigo. Com ter a sua pessoa consigo.
Amor é fazer viagens malucas de horas para se estar apenas um dia, ou menos, com alguém. Amor é ficar dias a chorar por alguém e quando esse alguém diz "vem ter comigo" a pessoa ir. Ir porque a ama e quer estar com ela. Quer-se sentir amado.
Amor são cartas românticas. Amor é abdicar de quase tudo por um dia. Um único dia. Amor é instintivo, bolas. É irracional. É inexplicável. É hoje sim, quero. Amanhã logo se vê. É fazer planos que não sejam revelados. Planos que tentamos apagar diariamente.
Amor é acordar a outra pessoa com beijos e essa outra pessoa perguntar "o que queres para o pequeno-almoço?". Amor é nem querer pequeno-almoço.
Amor é secreto, é escondido. É ninguém saber. Amor é fugitivo.
As pessoas conseguem viver sem os seus amores. Não são assim tão dependentes. O amor é passageiro. É sofrer sozinho, às escondidas. No entanto, ninguém é feliz sozinho. E as pessoas precisam dos seus amores para serem felizes.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

So... What?

Há coisas que não entendo. Tenho uma característica por muitos considerada boa mas que eu não sei como a considerar.
Todos os meus amigos são mais velhos que eu. Todas as pessoas com quem costumo sair ou conversar são mais velhas que eu. A média de idades dos meus amigos deve estar entre os cinco e os dez anos mais velhos que eu. Ou até mais. A sério que gostava de ter amigos da minha idade. Mas não consigo. Ou melhor, consigo sair com pessoas da minha idade e conviver com eles. O que não consigo é ter grandes conversas com eles. Preciso de ter algum interesse intelectual pelos meus amigos. E só consigo saciar esse interesse com pessoas mais velhas.
Desde muito nova que é assim. Sempre fui precoce. Com 10 anos li o meu primeiro livro de Saramago e com 9 o primeiro de Brecht. Com 12 anos comecei  a interessar-me por Marx e pelas ideologias que defendia. Desde muito pequena que gosto de música clássica ou de Bossa Nova. Desde muito pequena que me interesso por exposições, debates, museus, teatro e literatura. Nunca vi o Titanic na vida, mesmo que todas as pessoas da minha turma lhe achassem tanta piada. Em vez disso, via Almodover, Godard, Woddy Allen, Coppola, Foreman, Resnair, Fellini.
Ou seja, não tive uma infância dita normal. Deixei de brincar com bonecas desde muito cedo. Tinha contacto com os problemas dos meus amigos, de forma que perdi a minha inocência cedo demais. Ainda nem no auge da minha infantilidade estava e já tinha perdido toda a inocência e toda a pureza.
Houve duas características que nunca perdi e fui construindo e reconstruindo com o tempo: utopia e vontade de lutar. Foi o que sempre me deu esperança.
Até há bem pouco tempo, não via mal nenhum ter amigos tão mais velhos, ter inclusive amigos trinta anos mais velhos que eu. São pessoas interessantíssimas com uma história revolucionária e que, para além de terem a minha admiração, têm o meu interesse e o meu gosto de debater com elas. Como dizia anteriormente, foi há bem pouco tempo que comecei a perceber as consequências desta precocidade toda. Às vezes quero ser infantil ou inocente e, mesmo que me esforce para o fazer ou para não pensar em nada durante algum tempo, não consigo. Percebo que é irracional e que não é correcto. Tornei-me demasiado politicamente correcta, nestes aspectos. Percebi que mesmo admirando muito estas pessoas e tendo laços muito fortes com elas, somos diferentes. Eles tiveram uma infância que eu não tive. Levaram mais ao longo da vida do que eu alguma vez irei levar. Criei protecções e auto-defesas mais cedo. Antes que alguém as tentasse quebrar.

Tenho um carinho enorme por todos os meus amigos. Mas também tenho a noção das diferenças. E às vezes o problema é deixar de as ter. Porque sempre fui apologista que o número do b.i. é a coisa mais insignificante numa pessoa. E é. Os percursos de vida é que não. Mas ao mesmo tempo só me sinto bem com eles, com os diferentes grupos que fui criando de pessoas mais velhas, de pessoas intelectualmente muito interessantes, para mim. Foram eles que me ensinaram grande parte do que sei, muitos foram os meus mentores nalguns temas, mentores bem sucedidos que sem eles seria difícil saber o que sei hoje. Mentores bem sucedidos devido, também, ao meu espírito crítico. Outra característica que desenvolvi desde cedo.
E neste momento não sei o que fazer. Percebi que somos diferentes. Mas não é por isso que não gostamos uns dos outros. Ou que não conseguimos ter conversas muito produtivas. E nunca me trataram como uma "criancinha" ou como a "menina do grupo". Provavelmente porque também não o sou. Só num papel.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E afinal... Para quê?

Hoje desiludiste-me. Foi a primeira vez que tal coisa aconteceu. Ou pelos menos que eu sentisse de forma tão forte.
E fizeste-o como se não me conhecesses. Como se não soubesses que eu agora vou jogar à defesa e me vou afastar. Como se não soubesses que a próxima vez me olhares nos olhos, que esperemos que seja só daqui a um mês, irás ver desapontamento. Irás ver crítica. Irás ver desilusão. Como se não soubesses que agora já não vou querer ir dormir a tua casa. Já não vou querer os teus beijos nem o teu amor. Vou deixar de fazer planos e excluir-te da minha vida. Porque é assim que eu funciono. E tu sabia-o tão bem. E, o pior de tudo, é que não consigo escrever ou pensar sequer em tal coisa sem deixar cair um lágrima. Eu, eu! Que nunca choro. Desiludiste-me. Tanto. E eu que até já te tinha comprado um dos livro de que te falei e que tu querias tanto ler. Até já tinha escrito uma carta e a tua morada.
Faz-me só um favor. Trata bem da flor que plantámos em conjunto. Trata dela como se fosse a única coisa que te resta de mim. Guarda as flores e as cartas que te dei. Guarda cada palavra que te disse ao ouvido e cada toque.

Pode ser que daqui a uns meses o revivamos outra vez. Quando os nossos olhos se voltarem a cruzar e, por força dos sentimentos, as nossas bocas não resistam. Daqui a um mês estou contigo. Vou ter que estar. Mas não em tua casa. Vou estar contigo na rua, no meio de amigos e desconhecidos. De uma multidão. E nessa multidão, talvez nos compreendamos uma à outra.

Até lá, prometo que vou conservando a tua amizade. Foi sempre por ela que fiz qualquer coisa. Conservo a amizade, a admiração e, quem sabe, algum do carinho.
E também me vou mantendo informada de como é que tu estás. Se estiveres muito mal nalgum momento, prometo que vou ter contigo. Gosto mais de ti do que do meu orgulho. Não que do meu coração mas que do meu orgulho, sim. Porque, afinal, eu nunca te vou deixar desamparada. Mesmo sem tu o saberes.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

The clock don't stop.

Já me conheces. Já sabes que eu não sou previsível e que te esqueço de um dia para o outro. Que a qualquer dia tu também me esqueces. Estamos bem juntas exactamente por isso, porque somos inconstantes. E porque no meio da nossa instabilidade há uma estabilidade estranha e segura. Não me deixes fugir mas não te apegues demasiado a mim. Vamos jantar. Amanhã. Temos que aproveitar antes de nos esquecermos. Porque ambas sabemos que é o que irá acontecer. Anda, saí de casa. Não interessam os km, mete-te no carro e vem ter comigo. Vem dormir comigo. Eu sei que tens saudades. Mesmo que tenhamos partilhado uma cama há tão pouco tempo. Vamos dançar. Vamos passar a noite e a madrugada na rua, na calçada, a dançar com a música das nossas cabeças e dos nossos corações. O relógio está a contar.

Mas só hoje

Sinto a tua falta. Mas só hoje. Amanhã sei que me serás indiferente. Mas vem. Vem hoje. Vem e fica hoje. Amanhã logo vemos. Hoje posso dizer que te amo. Mas só hoje.